Poluição Atmosférica
A poluição atmosférica é atualmente uma das grandes preocupações ambientais a ser combatida, de forma a minimizar seus impactos não só no meio ambiente como também na saúde da população. Diversas são as fontes de poluição atmosférica, com destaque para as indústrias e os veículos automotores. Fontes naturais como vulcões, queimadas e decomposição dos materiais orgânicos também se destacam no aumento da poluição do ar.
O aumento de doenças respiratórias e cardíacas associadas à poluição atmosférica tem sido reportado periodicamente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo inclusive divulgadas vários pesquisas e levantamentos de dados correlacionando o aumento do número de morte prematuras de crianças e idosos com a poluição do ar (WHO, 2005). Em 2013, a OMS classificou a poluição do ar como cancerígena para os seres humanos (Iarc, 2013).
Desta forma, a manutenção da qualidade do ar em níveis adequados à vida é de interesse de toda sociedade e condição fundamental para um desenvolvimento sustentável. Neste sentido, a tarefa de monitorar os poluentes atmosféricos e desta forma poder estabelecer ações de mitigação e controle das emissões passa a ser tarefa fundamental para o Estado, pois está diretamente relacionada ao bem-estar, à qualidade de vida da população e aos gastos públicos com saúde.
Monóxido de carbono (CO)
O monóxido de carbono é um gás incolor e inodoro resultante de processos que envolvem combustão incompleta. Em áreas urbanas, os veículos automotores são as principais fontes de emissão de CO, apresentando altas concentrações em situações de tráfego intenso e congestionado.Na natureza, pode ser gerado principalmente em queimadas.
O CO entra na corrente sanguínea através dos pulmões e liga-se quimicamente à hemoglobina, a substância sanguínea que leva oxigênio para as células, gerando a carboxihemoglobina, o que reduz a quantidade de oxigênio que chega aos órgãos e tecidos do corpo.
Pessoas com doenças cardiovasculares correm maior risco quando expostas ao CO. Em indivíduos saudáveis, a exposição a altas concentrações de CO pode afetar principalmente o nível de consciência e a visão. Exposições mais curtas podem também provocar dores de cabeça e tonturas.
Óxidos de nitrogênio (NOx)
Óxidos de nitrogênio é a denominação genérica de uma família de compostos, entre os quais se destacam o óxido nítrico (NO), o óxido nitroso (N2O) e o dióxido de nitrogênio (NO2). As principais fontes de NOx, envolvendo processos de combustão, são os veículos automotores, usinas termelétricas, incineradores e outras fontes industriais, comerciais e residenciais. Fontes naturais como processos biológicos no solo e relâmpagos também podem gerar NOx.
A esta família de compostos é atribuída uma ampla variedade de impactos na saúde e no ambiente:
a) são precursores na formação de ozônio;
b) crianças, pessoas com doenças pulmonares e pessoas que executam atividades externas são suscetíveis a efeitos adversos, tais como dano no tecido pulmonar e redução de sua função. Aumento da sensibilidade à asma e à bronquite;
c) penetra no sistema respiratório, podendo dar origem às nitrosaminas, algumas das quais podem ser carcinogênicas;
d) contribuem para a formação de chuva ácida, com consequente dano às plantas e corrosão de materiais;
e) contribuem com a sobrecarga de nutrientes (eutrofização), deteriorando a qualidade das águas;
f) partículas de nitrato e NO2 bloqueiam a transmissão da luz, reduzindo a visibilidade em áreas urbanas e em parques;
g) no ar, reagem com compostos orgânicos ou mesmo ozônio, formando uma ampla variedade de produtos tóxicos, alguns dos quais podem causar mutações biológicas.
Material Particulado (MP10) ou Partículas Inaláveis (PI10)
São partículas sólidas ou líquidas, suspensas no ar, com diâmetro aerodinâmico inferior ou igual a 10 micrômetros. As partículas inaláveis podem atingir as vias respiratórias, transportando os gases adsorvidos em sua superfície até o pulmão, prejudicando as trocas gasosas. As fontes antropogênicas de material particulado abrangem processos de combustão (indústrias e veículos automotores), processos industriais, queimadas, poeira de rua, etc. As fontes naturais de material particulado são o pólen, aerossol marinho, partículas do solo em suspensão, cinzas vulcânicas e queimadas geradas por raios.
Efeitos sobre a saúde incluem o aumento de atendimentos hospitalares e mortes prematuras, em função de insuficiência respiratória pela deposição deste poluente nos pulmões. No ambiente, pode causar danos à vegetação, redução da visibilidade e contaminação do solo.
Material Particulado (MP2,5) ou Partículas Inaláveis (PI2,5)
Dióxido de enxofre (SO2)
O SO2 é um gás incolor que se dissolve prontamente na água presente na atmosfera para formar ácidos sulfurosos, sendo um dos responsáveis pela chuva ácida, causando corrosão aos materiais e danos à vegetação. Grande parte do SO2 na atmosfera é convertida a sulfato (aerossol ácido), o qual é removido através de processos de deposição seca e úmida.
Dióxido de enxofre e/ou aerossóis contendo sulfatos, em altas concentrações, causam dificuldades respiratórias temporárias. Exposições mais prolongadas causam doenças respiratórias e agravam doenças respiratórias e cardiovasculares pré-existentes. Pessoas com asma, doenças crônicas de coração e pulmão são mais sensíveis ao SO2. Pode acarretar irritação ocular.
O SO2 também pode reagir com outros compostos químicos presentes no ar para formar aerossóis de sulfato, os quais constituem as partículas finas que causam a redução da visibilidade na atmosfera. Quando estas são respiradas acumulam-se nos pulmões, sendo associadas ao aumento de sintomas respiratórios e doenças que dificultam a respiração e causam morte prematura.
A queima de combustíveis fósseis, principalmente na geração de energia (termoelétrica), refinarias de petróleo e no setor de transporte (veículos a diesel) são as principais fontes antropogênicas. Entre as fontes naturais se destacam os vulcões, emissões de reações biológicas e os aerossóis marinhos.
Ozônio (O3)
É um gás incolor e inodoro nas concentrações ambientais, sendo um composto muito ativo quimicamente. O O3 não é emitido diretamente ao ambiente via fontes usuais, mas forma-se na baixa atmosfera através de reações fotoquímicas (catalisadas pelos raios ultravioletas do sol) entre oxigênio, óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COVs). Os picos de ozônio tipicamente ocorrem em períodos de calor, elevada radiação solar e tempo seco.
O O3 é um oxidante muito forte, citotóxico (tóxico às células) e que, mesmo em baixas concentrações, pode atingir o pulmão, irritar os olhos, nariz e garganta, causar envelhecimento precoce da pele, náusea, dor de cabeça, tosse, diminuição da resistência orgânica, infecções e agravamento de doenças respiratórias. Além disso, o O3 também afeta os demais ecossistemas, prejudica as plantas e tem ação danosa sobre os materiais devido ao seu alto poder oxidante. Também é o principal constituinte do smog fotoquímico causando problemas de visibilidade.